Um texto de retratação com o tempo.

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Quando a gente era criança brincava bastante com ele, era divertido e não tinha tantas cobranças. Mas com o passar dos anos, fomos crescendo e passamos a ver aquele nosso antigo amigo como um inimigo sempre presente. O jogo virou, e o tempo passou de mocinho a bandido, passamos a temê-lo e paramos de nos divertir com ele.

Crescemos, viramos “adultos” e a nossa relação com o tempo ficou meio estranha, passamos só a reclamar dele, “está rápido demais”, “devagar demais”, “não está sendo generoso comigo”. Tentamos a todo instante moldar o tempo aos nossos caprichos e, mesmo o condicionando em anos, meses, semanas, dias, horas, minutos, segundos, milésimos, centésimos… Ele não se adequou às nossas vontades. Fizemos tudo para sermos os/as senhores(as) dele, mas no fim, quase nada saiu como planejado.

O plano falhou, e a gente não se tornou dono do tempo, o tiro saiu tão pela culatra que alguns tornaram-se servos dele, verdadeiros vassalos que trabalham angustiados com medo de que o tempo se vá e eles não conquistem tudo o que planejaram. Esse tipo de história acontece muito por aí, mas duvido que o tempo ache divertido ter seres humanos submissos trabalhando feito loucos para não perdê-lo. Desconfio que o tempo goste de pessoas que o tenham como um companheiro de viagem, gente que não queira ser seu carcereiro ou serviçal, pessoas que compreendam que ele realmente não para por nada, e que isso é imutável.

O tempo não merece o papel de vilão que demos a ele, visto como alguém ruim que quer tirar as coisas boas da gente, o que não é bem assim. Porque o tempo não deseja nos tirar nada, ele só quer que a gente pegue na mão dele para seguir estrada juntos. Sei que mesmo não parando nunca, ele ainda pode se adequar à velocidade das nossas passadas. Pois, se a gente esticar o bracinho e topar essa parceria, com certeza vamos chegar a algum lugar, mas se formos medrosos e ficarmos na beira do caminho olhando assustados a passagem do tempo, provavelmente não chegaremos muito longe, continuaremos reclamando do tempo, que com toda a sua sabedoria só faz o que é incumbido a ele, passar.

 

Nota que inspirou esse texto

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Oi, muito prazer. Juliana, jubs ou Ju. Fique à vontade.

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