Da escolha do sorvete ao rumo que a gente quer tomar na vida.
Costumo dizer que se começo a olhar para o lado e a comparar as coisas, já é um forte sinal que essas coisas não andam bem, e muito provavelmente não estou me sentindo confortável, e em níveis mais profundos, também não estou me sentindo feliz.
Isso se aplica às coisas complexas da vida, como também aos detalhes mais triviais, vamos pegar o exemplo da escolha do sabor de um sorvete.
Se eu escolhi o sabor que eu realmente queria, não vou ficar babando pelo sorvete da pessoa ao lado, mesmo que o dela esteja muito bonito, vou olhar e pensar, “hum, tá bonito, mas o meu tá do jeito que eu queria”, e continuarei tomando meu sorvetinho sem grandes inquietações.
Não olhar para o lado, estar confortável na relação, na casa, no trabalho, com a escolha da roupa que vestimos. Estar feliz sem romantizar nada, porque podemos amar o que fazemos, mas sempre terá a parte chata, podemos cultuar a nossa casa, mas sempre terá uma fase de pia entupida e chuveiro quebrado.
A diferença é que quando estamos confortáveis, o tempo investido para resolver essas pendências e tarefas chatas é recompensado, pois estamos cuidando de algo que gostamos, e não resolvendo problemas de algo que se pudéssemos largaríamos na primeira oportunidade. Quando já não estamos confortáveis com alguma coisa, tendemos a transformar uma pequena rachadura em uma cratera que suga nossa energia mais que o necessário.
Nesse estágio a insatisfação não virá de um problema que a gente tenha que resolver, pois a sensação de insatisfação será o próprio problema.
Isso faz sentido para você?
Acredito que todo mundo tem suas fases turbulentas ou de revisões das escolhas que fez, seja na profissão, no relacionamento que está construindo ou que deseja construir, na casa que mora, ou na que pretende morar. É muito válido revisar para ajustar a rota, ou desistir dela caso não faça mais sentido.
Se tiver um tempo para entender qual o próximo rumo que você quer tomar, melhor ainda. Caso não conte com esse fator, é sempre bom saber que nada precisa ser definitivo, só precisa fazer sentido para nossa vida.
Claro que podemos ter imprevistos no caminho, e chegar a duvidar se fizemos a escolha certa, ou se foi a melhor hora, mas se os imprevistos acontecem, o improviso aparece para tornar as coisas possíveis.
Sabe aquelas decisões que a gente toma mesmo não tendo as condições mais favoráveis, mas algo dentro da gente parece que grita, “vai, no final vai dar certo”, chamo essa vozinha de intuição, vocês fiquem à vontade para dar o nome que quiserem. O que posso dizer da minha experiência é que quase sempre ela estava certa.
Claro que terão partes chatas e alguns perrengues, e com certeza alguns dias serão mais exaustivos. Mas enquanto fizer sentido, esse rumo sempre será o mais certo. Não existe a rota perfeita, mas se existe a vontade de trilhar ela as coisas ficam mais fáceis. É o tal do meio caminho andado, uma légua mais perto da sensação de realização.
Andar com quem e para onde faça sentido e traga sentido a nossa existência. Porque merecemos sentir felicidade em vários sentidos, seja na escolha do sorvete, ou no rumo que decidimos tomar para nossa vida.
Nota que inspirou esse texto
Imagem destaque: Foto de Joao Marcelo Stark no Pexels