Homem de terno azul e bigode encarando desconfiado a sua insegurança

Era só uma brecha, até virar um buraco de inseguranças.

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No começo é assim, há brechas, porque obviamente não somos perfeitos e completos, e temos total ciência disso, mas pressões externas e internas nos cobram excelência em tudo, e mesmo sabendo que a perfeição é uma utopia, colocamos uma pressão demasiada em nós mesmos, e damos um peso enorme aos nossos erros. Aí pronto, o que era só uma falha, algo muitas vezes sem importância, ganha proporções gigantescas, e aquela pequena brecha vira um buraco de insegurança e nos puxa para dentro dele.

E agora, como saímos?

A primeira saída pode ser escalar, usando toda nossa força, resiliência e persistência, gastando a energia que não temos, e nos afundando cada vez mais. Também podemos seguir o plano B, usar da paciência e uma dose considerável de gentiliza com nós mesmos, para entendermos que temos o nosso ritmo para sair de situações desagradáveis, vulgo buracos.

Longe de querer romantizar os buracos que caímos, emocionalmente e fisicamente, cair na cratera de um trabalho que esgota nossas energias nos leva ao buraco da ansiedade. Estimar demais a nossa imagem, comparando-nos a padrões inalcançáveis e cair em um estado de depressão, de um desamor profundo por nós mesmos. Essas situações não são nada fáceis, mas nos dão uma brecha de luz.

É nessa brechinha de lucidez que a gente aprende a ressignificar, não o buraco, porque é realmente horrível cair em um, mas a perspectiva que passamos a ter a partir dele. Como podemos achar brechas e apoios para ir escalando, e aos poucos assumindo o controle sobre nós mesmos, e da situação, que à primeira vista pode parecer assustadora, mas que aos poucos vai sendo desconstruída e reconstruída a partir de uma nova perspectiva.

Usando da paciência e dando atenção aos detalhes para melhorar o que não estava tão bom, entendendo o nosso ritmo para ir escalando. Também vale sermos gentis com nós mesmos, caso o plano não saia como planejado, sabendo que somos passíveis de falhas.

Normalmente a balança da gentiliza não pesa a nosso favor, não da mesma forma de quando ponderamos sobre as falhas do outro. Mesmo que tenhamos uma postura mais severa em relação aos erros alheios, eles normalmente não ficam martelando na nossa cabeça quando vamos dormir. Já os nossos, nos acompanham por dias, e vão cavando um sentimento de insegurança, que mesmo não sendo demonstrado para as pessoas a nossa volta, é percebido por quem o sente, e consegue causar grandes estragos.

Somos gentis com os outros, seja de forma natural, pelo esforço de praticar a empatia, ou no mínimo para não parecer antipático e desagradável. Mas quando se trata de sermos gentis com nós mesmos, parece que tudo fica mais complicado.

O erro no relatório é imperdoável, a nota baixa na prova é atestado de incapacidade intelectual, a dificuldade de aprender um novo passo de dança ou um novo idioma é algo que facilmente nos coloca no status de inadequados, não por que alguém nos deu esse veredicto, mas porque achamos que merecíamos ele. Muitas vezes isso é feito de forma inconsciente, quando nos autossabotamos, deixamos de tentar algo pelo ceticismos que temos sobre nossa própria capacidade.

E o que era uma pequena insegurança, uma brecha na nossa autoconfiança,  vira um buraco que nos puxa incessantemente para baixo. Tudo isso porque não assumimos que somos imperfeitos, negligenciamos as situações que nos incomodam, mascaramos os nossos insucessos e como eles têm ou tiveram um gosto indigesto. Até que aquela brecha cede, caímos em um buraco, que vira um abismo e fica cada dia mais exaustivo de escalar.

Nota que inspirou esse texto

Imagem destaque: Foto de cottonbro no Pexels

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