mulher triste mexendo no celular mascarando os sentimentos negativos

Qual a história que você quer contar?

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“O céu era cinza, mas eu editei e deixei azul. Ficou bem bonito, embora eu não estivesse tão bem para combinar com aquele céu, mas ninguém precisa saber disso, todo mundo gosta de céu azul. Eu também gosto, dá mais likes.”

Qual a história que eu quero contar?

Qual a história que contamos na roda de amigos, e qual contamos para nosso amigo mais íntimo? É a mesma que está no feed das redes sociais? Será que estampamos os dias de céu cinza, como exaltamos os dias de céu azul?

Quando me refiro a “céu cinza”, falo dos dias tristes em que nos sentimos pra baixo, desanimados, chateados. Falo da imperfeição das relações humanas, falo da nossa busca de ajustá-las para uma frequência de felicidade, o que nem sempre dá, ou até dá, mas muitas vezes sai com ruídos que tentamos abafar e não nos damos ao trabalho de tentar entendê-los.

Os ruídos, o céu cinza, a tristeza que às vezes está com a gente e não queremos recebê-la, perguntar se quer um café, uma água, para tentar entender o que a trouxe. Até que um dia esse sentimento não chega, ele invade, e ficamos paralisados sem repertório e experiência para lidar com tamanha angústia.

Sentimentos negativos, ou aqueles que julgamos serem ruins, a exemplo do ódio, tristeza, inveja, medo, e tantos outros que temos um certo embaraço em falar que sentimos. Todos eles têm uma função positiva, ou no mínimo são benéficos, funcionam como alertas de que algo precisa mudar, que precisamos encarar as situações que nos incomodam.

Uma tristeza por estar em um relacionamento ruim, ou pela falta de um relacionamento amoroso, é um alerta de que precisamos dar uma atenção especial a essa área da vida, mudando atitudes e padrões para que a tristeza e os incômodos não sejam permanentes. Aliás, a tristeza permanente e sem motivo aparente é um indício para doenças sérias, como a depressão, um alerta para que procuremos ajuda médica especializada, assim como procuraríamos um cardiologista se estivéssemos sentindo algo físico no coração.

Um sentimento de inveja pela promoção do coleguinha no trabalho, pode ser um sinal de insatisfação com o nosso cargo atual, com a empresa na qual estamos ou com a área que trabalhamos, e em vez de deixar esse sentimento de inveja nos consumir, podemos usá-lo para avaliar o que realmente está incomodando, e como podemos melhorar nesse sentido. Procurando outro trabalho? Fazendo uma especialização? Mudando de área? Vários questionamentos e questões para pensar e agir, com o intuito de melhorar o que não está bom, e no fim, a promoção do coleguinha e o sentimento de inveja serão as coisas que menos pensaremos.

Sentimentos negativos servem para a gente reagir e agir, pensando sempre em melhorar, reagir com choro, com um recolhimento, com raiva, para agirmos com inteligência, assumindo que não sabemos lidar bem com um sentimento negativo, para daí começarmos a aprender uma forma mais saudável de conviver com eles, abrindo a possibilidade de praticar o autoconhecimento, entendendo e nomeando cada sentimento, sabendo aproveitar o dia ou os nossos dias nublados, que como os dias ensolarados merecem ser aproveitados sem grandes trabalhos de edição.

Nota que inspirou esse texto

Imagem destaque: Foto de mikoto.raw no Pexels

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