As concordâncias do verbo amar.

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O amor em si não é preconceituoso, orgulhoso ou mentiroso, a gente é que não sabe administrar a tamanha responsa que é ter esse sentimento dentro do peito. Agimos como uma criança que ganha a primeira bicicleta, saímos afoitos sem saber pedalar e acabamos nos machucando e muitas vezes até ferimos as pessoas que entram no nosso caminho.

O amor é eclético, versátil, mutável, sem qualquer contraindicação. A gente desenvolve amor por planta, música, bicho, velharias, profissão, por outro alguém e até por nós mesmos.

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Um sentimento que cai bem em qualquer idade, serve tanto para os que já passaram dos 60 anos e encontraram nessa fase o trabalho dos sonhos ou uma pessoa especial, como também para aqueles que nem fizeram 1 ano de vida e já souberam o que era amor no momento em que sentiram o calorzinho dos corações dos pais nos primeiros dias de vida.

É do amor que vem o verbo amar e, como todo bom verbo que se preze, ele indica uma ação ou estado que se ajusta as pessoas, o tempo, o modo e as vozes do discurso em que está inserido.

Não tem mistério com o verbo amar, ele é tão simples quanto qualquer outro.

Por isso não importa o número de pessoas de uma família, pode ser uma mãe e três filhos, um casal sem crianças, dois pais e um bebê, pode ser só uma pessoa com um cachorro, usar o “nós nos amamos” sempre estará certo. Pode ficar tranquilo, pode usar sem neura, você não estará cometendo nenhum crime, muito menos um erro de concordância.

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E quando um senhor de 70 anos se declara para sua amada dizendo “Eu te amei desde o dia que te conheci, te amo hoje depois de tantos anos e te amarei ainda mais amanhã” ele sabe que o amor se adapta ao tempo, seja ele no passado, presente ou futuro.

O amor também tem seus modos, às vezes ele é certo e não vacila nas declarações, já joga um “Eu te amo” e foda-se as consequências disso, têm outros momentos que ele é a insegurança em pessoa e logo fala “Talvez um dia eu te ame” e sai de fininho para não causar mais estragos, há também os seus dias mais agitados em que ele fica imperativo e grita “Você tem que me amar assim, do jeito que sou”, acha que tudo acontece do jeito que ele quer, esquece-se que às vezes há outros agentes na mesma oração.

Há também o momento em que nos tornamos os sujeitos da história e desempenhamos os papéis de provocadores e receptores desse sentimento, assumimos as vozes do amor e expressamos a nossa relação com a atividade simbolizada pelo verbo, no caso em questão, a ação de amar.

Isso acontece em três situações: quando estamos amando alguém, quando somos amados ou quando amamos a nós mesmos.

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E sinto desapontar os mais acomodados, mas é importante tentar desempenhar bem os três papéis, não basta só querer ser amado e não retribuir, ou se recusar a amar a si mesmo.

Então ame quando tiver a oportunidade de amar, deixe-se ser amado quando isso te fizer bem e o mais importante, ame-se um pouco mais todos os dias. Pois se conseguimos nos amar de forma saudável, reconhecendo todos os pontos positivos e negativos da gente, fica muito mais fácil arranjar um outro sujeito para compor uma oração com o verbo amar bem flexionado em relação ao tempo, modo, voz e pessoas do discurso.
Tenha certeza que se isso acontecer o português se sentirá bem representado e o coração da gente ficará grato e muito mais feliz.

 

Nota que inspirou esse texto

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Oi, muito prazer. Juliana, jubs ou Ju. Fique à vontade.

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