Pra quem ainda não fez acontecer
Imagine aquele efeito de filme em que as imagens aparecem aceleradas do agora para o passado, e de repente, o personagem está assistindo um momento exato que já viveu, experimentando as sensações que aquele recorte de vida traz consigo. Agora vamos fazer algo parecido, preciso que você pare e se concentre, volte na sua virada de ano, a entrada de 2019, reviva os seus rituais de passagem, os desejos idealizados, metas traçadas, abraços trocados ou não, reviva os sentimentos e expectativas que os começos normalmente despertam na gente.
Espero que você tenha conseguido revisitar a sua virada de ano, se não foi uma experiência tão positiva assim, peço desculpas pela intromissão e desejo que essa viagem ao passado, mesmo que meio dolorida, sirva para você perceber o tamanho da sua força e resiliência, mesmo que ninguém tenha dito isso.
Antes de você se aprofundar nessa leitura, eu preciso esclarecer uma coisa, esse texto não é sobre 2019. Ele é sobre o nosso sentimento de descrença e desânimo com os sonhos e metas traçadas nas viradas e começos de qualquer coisa que a gente se propõe a fazer.
Primeiro, o fato das coisas não estarem do jeito que a gente idealizou, não quer dizer que as coisas não estejam progredindo. Ficou meio coisado, né? Mas eu explico, no começo de um trabalho, projeto, relacionamento, dieta, curso, seja lá o que for, a gente idealiza um futuro de sucesso, eu sei que pensar positivo é muito importante, porque se fosse pra começar algo já apontando possíveis fracassos ninguém começaria nada. O problema é valorizar demais a estrelinha do sucesso, e não comemorar os progressos e passos dados para chegar lá.
Se o seu chegar lá é voltar a vestir X e até agora você alcançou Y, não ache que você fracassou e que não dá mais tempo porque o ano está acabando. É muito fácil a gente cair nos pensamentos de “Ah, não tive o resultado esperado, será que por que não tive foco, por que não me esforcei o suficiente?”
São tantos porquês e cobranças, e a gente não olha os avanços e negociações de prazos que podemos nos propor a alcançar de um jeito equilibrado, que não nos custe a nossa paz e saúde. Não é porque o ano está acabando, ou porque você vai fazer 30, 40, 50 anos que aquilo que você tanto almeja não tenha mais sentido.
Acredito que sonhos não têm prazo de validade, mas também não têm o bendito pó de pirlimpimpim mágico. Sonhos só se concretizam se tiver doação de tempo investido naquilo que você acredita e que faz sentido para você.
Sonhos só se concretizam se tiver doação de tempo investido
O ano está acabando. E daí? Você ficou mais velho? Parabéns, essa é a ordem natural da vida. Se eu e você deixarmos de aniversariar é muito provável que a senhora morte tenha nos feito uma visita. Aí sim, não tem mais nada a fazer, esse é o verdadeiro prazo de validade para a gente, mas não para o que deixamos, as nossas obras duram mais que nós mesmos. Não precisa ser um livro, uma empresa ou uma fortuna. O que precisa mesmo, é que seja algo que você acreditou e fez dar certo, independentemente do que seja, você fez acontecer. E isso é o que conta no final de tudo.
Nota que inspirou esse texto
A arte do improviso
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