O fim de ano e as nossas lentes de aumento de pessimismo ou otimismo.
O pessimismo pode nos fazer pensar que nem vale a pena investir em algo que leva muito tempo para dar algum resultado, talvez ele nos leve para a questão da falta de recurso, ou iremos desistir pelo desgaste. Esses são lugares e pensamentos comuns que o pessimismo pode nos levar. Já pela ótica do otimismo podemos entender a demora como uma oportunidade para nos planejarmos, e o desgaste pode parecer mais como um aprendizado para a conquista de resultados mais sólidos.
Enquanto um trabalha com a cautela, o outro usa o entusiasmo, mas na real precisamos das duas coisas para resolver situações complicadas. A cautela do pessimismo aliada ao entusiasmo do otimismo pode ser um fator determinante para o sucesso ou fracasso de uma missão.
Agora, por exemplo, estamos em uma longa missão de quase 2 anos, na qual esse equilíbrio faz toda a diferença. Há quase 2 anos a humanidade está encarando a missão de acabar com uma pandemia. 2021 está acabando e não está levando junto com ele os nossos problemas, infelizmente.
Podia ser só o fim de mais um ano, mas dando a devida importância, estamos chegando ao fim de 2021, conhecido como 2020 parte 2 e também como o segundo ano de uma pandemia global. Acho que já falei desse fato, né? Mas ele tem um peso grande nessa história.
Porque o que vivemos até aqui só reforça esse título, parece que estamos passando por um déjà vu coletivo, no finalzinho de 2021 temos manchetes como, “A Europa vira epicentro da pandemia e preocupa o mundo”. Essa matéria é de novembro de 2021, e fala das novas ondas de contaminação, em países que em tese teriam condições de estarem com grande parte da população vacinada.
E quando olhamos para o continente africano, o cenário preocupa mais ainda, lá tem a falta de condições econômicas e estruturais de fazer a vacinação avançar. Enquanto a população do dito 1º mundo não se vacina e põe toda humanidade em alerta. O continente africano é marginalizado, mais uma vez, e o mundo globalizado só mostra que não soube, e ainda não sabe ser solidário.
Agora vamos olhar o cenário do Brasil, um país de dimensões continentais, com status de economia em desenvolvimento que tenta não sucumbir às diversas crises que vem enfrentando, vê na vacinação um pouco de esperança, e um entusiasmo que em alguns casos preocupa.
A maior cidade do país anunciou seu primeiro dia sem notificações de mortes depois de meses com números de perdas alarmantes. Outras cidades precipitadamente desobrigam o uso de máscara e já cogitam a possibilidade de ter carnaval no início de 2022. Toda essa agitação com cerca de 65% da população do país vacinada com as duas doses.
O problema por aqui não é rejeição a vacina, não com a mesma proporção que observamos em países da América do Norte e continente europeu, mas ainda estamos longe do ideal, e medidas como uso de máscara ainda são necessárias. Nossa vacinação está acontecendo, mas ela começou meio atrasada por aqui, no ritmo do atual governo, diga-se de passagem.
Embora tenhamos motivos para nos orgulharmos e valorizarmos, a exemplo do nosso Sistema Único de Saúde (SUS), ainda não seria o momento ideal para comemorarmos o carnaval, e muito menos o fim da pandemia.
O único fim que temos previsto e mais certo, é o fim do ano de 2021. Mas a pandemia, os problemas ambientais e econômicos que estamos enfrentando não vão desaparecer na virada do ano. Eles permanecerão e vamos enfrentá-los em 2022, e sendo bem realista, nas próximas décadas também. E aqui volta a importância de aprendermos a usar a cautela do pessimismo e o entusiasmo do otimismo para que ao final do próximo ano, e nas próximas décadas não tenhamos mais um déjà vu com notícias que queremos deixar apenas como registros do passado.
Nota que inspirou esse texto
Imagem destaque: Foto de Yosef Futsum no Pexels