O lado nada amigável do silêncio.

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Não é segredo para ninguém que o silêncio fala, não só isso, às vezes ele grita e deixa todo mundo assustado com tamanha brabeza da sua parte, por isso a maioria das pessoas não sabem lidar com ele, poucos aprendem como torná-lo um companheiro gentil e amigo.

Provocador e sem papas na língua, o silêncio só fala verdades, berra indiferenças e ressentimentos que tantos tentam esconder no meio de sorrisos sem graça, abraços vazios  e trabalhos desprovidos de vontade.

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Você provavelmente já teve um encontro desagradável com ele, seja  no meio de uma conversa difícil, na despedida de alguém querido que nunca mais voltará a ver, na resposta de uma declaração de amor, ou no feedback de um bem-intencionado “bom dia”.

Deve ser por essas experiências ruins que a fama de bad boy do silêncio anda correndo solta por aí. Isso explica o fato das famílias ligarem a TV para afastá-lo da mesa de jantar, tentando maquiar a presença indesejável dele, uma tentativa em vão, pois ele continua firme, escancarando a falta de diálogo e conexão entre as pessoas que vivem no mesmo “lar”.

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Ele também está presente no mundo corporativo, no qual os chefes fingem escutar os seus colaboradores, e esses por sua vez, encenam participações em reuniões e projetos da empresa. Uma peça teatral mal montada que não convence ninguém e conta apenas com um personagem de destaque, o silêncio, que se mostra grandioso na desmotivação das equipes e na indiferença dos gestores.

O silêncio é a resposta mais autêntica que podemos ter na vida,  ele delata tudo, seja a falta do “tum tum tum” do coração por uma grande paixão  ou a  ausência de aplausos de uma plateia insatisfeita com o espetáculo.

O mundo todo está fazendo mal uso do silêncio, refugiados pedem ajuda de um lado e recebem o silêncio da omissão como resposta  de vários países, no Brasil estudantes fazem barulho em escolas ocupadas  e a “grande imprensa” do País os respondem com um  grande e  vergonhoso silêncio.

Aquele ditado antigo que o silêncio vale ouro, hoje está empobrecido e deturpado. Agora ele é usado para negligenciar pedidos de ajuda, menosprezar movimentos válidos, maquiar relações amorosas e familiares falidas e encobrir a nossa falta de saco com as tarefas enfadonhas do trabalho.

Quer a gente goste ou não, é impossível calar as verdades que o silêncio berra na nossa cara, ele joga a real, os fatos que tetamos mascarar sem muito sucesso. Age como aquele amigo que a gente odeia pedir conselho, porque ele só fala o que não queremos ouvir, o que tentamos esconder até de nós mesmo, mas que está escancarado em um constrangedor e audível silêncio.

Nota que inspirou esse texto:

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Oi, muito prazer. Juliana, jubs ou Ju. Fique à vontade.

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