Menino dentro de uma caixa olhando para fora por um buraco

E se o momento ideal nunca existir?

Compartilhar:

Esperamos a virada de ano para fazer a nossa lista de metas, esperamos a compra do tênis ideal para começar as caminhadas que um dia virarão uma corridinha leve de 5k, também esperamos o natal para tentar as reconciliações que a gente não teve cara e nem coragem para fazer antes. Pensamos, “o natal será o momento ideal”, a gente só tem que esperar até lá. 

Os clichês, as desculpas e a vida acontecendo, e a gente aqui idealizando o momento futuro que muito provavelmente não vai acontecer como sonhamos. Talvez o problema esteja aqui, ou melhor, na gente, no nosso vício de investir mais tempo idealizando do que construindo. Se ao menos focássemos na fase de planejamento, já seria lucro. Mas não é. Perdemos tempo demais sonhando com o que tanto queremos fazer, dizer, aprender, começar. Mas paramos no terceiro verbo da frase anterior, ficamos no querer e vamos seguindo.

Seguimos sem as plantinhas que queremos ter em casa, mas por falta de espaço, vamos deixando para quando mudarmos para uma casa maior com aquele canto ideal de luz e sombra para fazer o nosso pequeno jardim. Seguimos com a alimentação toda errada, mas só até ter aquela panela caríssima que não precisa de óleo para assar as comidas. Seguimos sem dar um “oi” para aquele(a) crush da vizinhança, mas quando a gente se bater por aí e eu estiver maravilhosa, esse “oooi” vai rolar.

Seguimos idealizando e perdendo um monte de coisa, talvez estejamos perdendo a decepção de criar uma plantinha e ver que ela não está ficando tão bonita como esperávamos? Talvez sim. Ou estamos perdendo de fazer receitas que vão dar muito errado, até que uma saia boa e dê uma janta legal? Talvez.  Podemos está perdendo de levar um belo de um vácuo do crush da vizinhança e ficar com o ego ferido por uns dois dias? Talvez também.

Mas a vida também acontece no talvez e se a gente tentar do jeito que dá, talvez dê certo. Uma coisa que não se pode negar é que a vida acontece mesmo se a gente não fizer nada, e outra verdade mais incômoda, não fazer nada já é fazer alguma coisa, e essa atitude muito provavelmente não nos levará para o que idealizamos.

Não sejamos a personificação do meme “deus me livre dar certo, não tenho nem roupa pra isso”. Porque se der certo, a gente tem que aproveitar, reciclar a roupa e se jogar. Não do jeito que idealizamos, mas do jeito imperfeito que a vida acontece. Por mais estranho que isso possa parecer, os sonhos também acontecem na imperfeição do não idealizado, e mesmo assim trazem o gostinho de felicidade, talvez não aquela felicidade engraxada em uma gargalhada, nem naquela foto perfeita para o feed, mas a felicidade de um sorriso de canto de boca, aquele sentimento de orgulho da gente por não ter sido no ideal, mas por ter sido.

Nota que inspirou esse texto

Compartilhar:

Oi, muito prazer. Juliana, jubs ou Ju. Fique à vontade.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *