close up de uma mão apontando para a direita, as unhas pintadas de verde e ao fundo uma paisagem de natureza

Quantas ciladas você já entrou por não ouvir a sua intuição?

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Chame como você quiser, a voz que só você escuta, anjo da guarda, estratégia, bom senso. Eu sei que ela existe, e está tão presente, que seria falta de educação e até ignorância da minha parte não dar atenção a alguém tão sábia.

De quem estou falando? Da Intuição. Com letra maiúscula mesmo, porque ela é tão poderosa que mais se assemelha a uma instituição, que existe para dar orientações que podem livrar a gente de um problemão, ou resolver um problema de forma mais prática. A intuição quer facilitar a nossa vida, isso não quer dizer que sem ela a gente não consiga fazer nada, mas no mínimo pode deixar as coisas mais difíceis.

Das vezes que deixei ela guiar as minhas decisões, sempre descobri lá na frente o porquê dela estar certa, o mesmo vale para os momentos que optei por não seguir, depois ficou bem nítido o problema que arranjei. E aqui tenho uma história para contar, dos estresses que passei por não ter seguido a minha intuição.

Depois de muito analisar, resolvi mudar de casa, começamos a procurar um lugar, encontramos um apartamento que atendia as nossas expectativas, espaço, preço, localização. Analisando de uma forma  lógica, seria um bom local, mas algo dentro de mim gritava: Não vá, procure mais, não é uma boa opção.

Todos esses avisos foram ignorados com sucesso, o que me trouxe várias formas de passar raiva e perrengues.

No dia de fazer a mudança já surge o primeiro perrengue, o tempo, um dia muito chuvoso e um caminhão de mudança sem cobertura. Vocês já podem imaginar como essa combinação é boa para a integridade dos meus poucos móveis?

 Nesse clima maravilhoso, fizemos a mudança. E eu gostaria de dizer que meus perrengues se enceraram por aí, mas não foi assim.

Já no primeiro mês vieram vários problemas, chuveiro que não funcionava, fechadura  quebrada, interfone que nunca chegou a funcionar, infiltração para tudo que é lado. Só um detalhe, isso estava tudo maquiado na época que estávamos pesquisando, fizeram uma reforma fajuta e colocaram o apê para alugar.

 Não foi nem 3 meses e estávamos de mudança novamente, dessa vez, fiz questão de deixar os ouvidos e mente bem abertos para qualquer aviso da minha intuição, posso dizer que deu certo, quase um ano depois, estamos em um espaço que posso chamar de lar, o que é um alívio.

Fica aqui a minha história e um conselho: Escutem a intuição de vocês. Voltemos a falar dela.

A intuição vem do aprendizado das nossas vivências, do nosso poder de observação e análise do que acontece ao redor, é uma inteligência que pode nortear decisões de todo tipo, das mais simples às mais complexas.

Como uma bússola que diz, por esse caminho é melhor para você. E a gente vai, e depois tem aquele momento que fica tão nítido o motivo de ter sido a melhor opção.

Das coisas exatas à mais abstratas, tudo tem a sua dose de intuição, uma pesquisa científica parte de uma intuição, que é estudada, analisada, olhada de vários ângulos, compartilhada com outras pessoas, e pode ter potencial para virar uma grande descoberta científica. Está aí a descoberta dos buracos negros, da gravidade, e de tantas outras que foram intuídas até virarem algo grandioso.

Da intuição também nascem as grandes amizades e os amores mais duradouros, porque no início dessas relações não tem nada concreto, não tem nenhum contrato, a gente intui, sente que aquela outra pessoa tem algo de importante para construir com a gente, e por isso nos conectamos. No dia a dia isso não fica tão evidente, mas quando os anos vão passando a gente entende e consegue ver o que foi construído a partir da intuição que nos ligou aquelas pessoas.

O mesmo vale para quando a intuição diz que não vai funcionar, mesmo que a gente tenha argumentos lógicos para dizer que vai, que tenha química, que tenham gostos em comum, que o papo renda. A intuição sinaliza em um pequeno gesto, uma frase meio torta, um comportamento incoerente. Essas coisas  não escapam dos sentidos da intuição, que sempre sinaliza onde a gente pode investir tempo e plantar ideias, e onde não devemos nos demorar, pois é terra que não vai dar fruto.

A intuição sinaliza, e a gente pode ouvir, ou não. E aqui, temos alguns cenários, a gente pode ouvir, mas não levar em consideração e literalmente pagar para ver, como o meu exemplo da mudança de casa, não aconselho ninguém a fazer duas mudanças em menos de 3 meses, é meio caro, sabe.

A gente também pode ouvir, entender o recado, e tomar decisões mais acertadas. Voltando no meu exemplo, talvez eu tivesse gastado mais tempo pesquisando uma outra opção e tivesse economizado dinheiro com apenas uma mudança. 

E por último, tem a situação que a gente pode ouvir e ignorar, mas diferente do primeiro exemplo, não é porque optamos por não ouvir, é sobre não sentir segurança suficiente para ouvir a nossa própria intuição. Sim, estou falando de autoestima, porque a intuição é uma coisa tão nossa, que se a gente não estiver muito segura, tendemos a deslegitimar ela e seguir outros rumos. Quando a nossa autoestima está baixa, tendemos a menosprezar tudo que é nosso, e supervalorizar o que vem da outra pessoa.

A opinião de terceiros, que nem sempre leva em consideração a nossa vivência, limitações ou qualificações. Nesse caso, é muito importante validar a nossa intuição, não somente saber que ela existe, mas que ela tem uma inteligência que é nossa e merece ser analisada de forma lúcida e consciente.

Se você já escuta a sua intuição, continue a exercitar isso, mesmo que você não siga exatamente o que ela sinaliza, você não ignorou esse conhecimento e consultou ele para tomar uma decisão. Caso esteja no grupo que não usa, por achar que é besteira ou porque não valoriza a sua própria intuição, só tenho a dizer, que pena, vai precisar de muita sorte, planejamento financeiro e uma a agenda flexível para arcar com decisões que talvez custem mais do seu tempo e dinheiro.

Nota que inspirou esse texto

Imagem destaque: Foto de Artem Beliaikin no Pexels

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