
O amor é um velho agricultor
Vou contar a história de um velho agricultor, que aprendeu a equilibrar persistência e paciência para cultivar algo bom nessa terra árida que sofre com a escassez de bondade. Hoje eu vou falar sobre o amor, sim, esse velho teimoso ainda vive, para nossa sorte.
Falaram para ele abandonar a terra, desistir dessa mania de cultivar e esperar brotar algo bom, disseram que o futuro era o agronegócio e os agrotóxicos, mas ele não deu muita importância a essas coisas, continuou a trabalhar do jeito dele, se dedicando aos pequenos detalhes, plantando, cuidando e colhendo.
O tempo foi passando, e enquanto o mundo seguia a tendência de consumir o prático e insosso das gôndolas, o amor se ocupou de colher, lavar, descascar e preparar algo bom para aqueles que iam até ele. Mesmo não sendo um grande latifundiário, o amor era famoso, fazia do seu pedaço de terra o lugar mais produtivo do mundo, aquele chão fértil mais parecia um pedaço de céu, adubado com a gentileza dos que iam ao encontro daquele velho agricultor.
Mas com o passar dos anos o número de visitantes foi diminuindo, a gentileza foi ficando escassa e o amor cada dia mais preocupado, sua plantação estava morrendo e ele também.
Desesperado, o velho agricultor decidiu ir atrás de um punhado de gentileza e um pedaço de terra para plantar suas sementes. Saiu esperançoso, não rezou por chuva, mas pediu a graça de encontrar mais bondade nessa humanidade que semeia tanta maldade. Ele percorreu o mundo, deixando suas sementes onde encontrou espaço e condições para que elas crescessem em segurança.
Ele andou em todos os lugares, semeou o bem, rancou muita erva daninha pra ver algo bom florescer, trabalhou dia após dia, não descansou até perceber que a humanidade aprendeu a plantar, regar e colher. Ele sabia que nem todos prestaram atenção nos seus ensinamentos, mas depositou sua esperança nos poucos que mostraram aptidão nesse negócio de cultivar o bem.
Cansado, mas muito confiante do seu trabalho, o velho agricultor sentiu que sua tarefa havia terminado, olhou para atrás e sentiu orgulho do que tinha feito, ensinou a quem quis aprender. Assim o amor decidiu sair de cena, partiu sem rumo para encontrar seu canto, ninguém nunca mais o viu, mas seus ensinamentos ainda são praticados e seus frutos até hoje estão sendo colhidos. Ele ensinou que quem planta, cuida, aduba e colhe sempre tem algo bom para oferecer ao mundo.
Que ninguém duvide da sabedoria de um plantador experiente, conhecido desde sempre por sua paciência, não é à toa que em um dos primeiros livros da história está escrito, o amor é paciente.
Nota que inspirou esse texto

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